Há algum tempo, venho me aprofundando nos estudos sobre Terapia Focada na Compaixão e é incrível ver a Psicologia Evolucionista sendo aplicada ao contexto clínico.
Nosso cérebro evoluiu por seleção natural, o que significa que ele funciona de maneiras específicas, respondendo aos desafios do ambiente de acordo com as adaptações desenvolvidas ao longo da nossa história evolutiva. Ter esse conhecimento é fundamental para entender as raízes das nossas emoções e comportamentos.
A prática da compaixão, por exemplo, realmente funciona porque está enraizada em mecanismos evoluídos de cooperação e altruísmo, essenciais para a vida em grupo. Quando aplicamos esse conhecimento na prática clínica, conseguimos guiar práticas mais eficazes para ajudar os pacientes.
Além disso, a perspectiva da Psicologia Evolucionista direciona cada vez mais para uma abordagem transdiagnóstica. Muitas queixas clínicas podem ser entendidas como o resultado de mecanismos psicológicos que funcionam adequadamente do ponto de vista evolutivo, mas que estão desajustados ao contexto atual.
Isso significa que certos padrões de comportamento e emoção, que eram adaptativos no contexto evolutivo ancestral, podem se tornar disfuncionais do ponto de vista clínico, gerando sofrimento.
Por exemplo, respostas emocionais como ansiedade e medo, que no passado ajudavam nossos ancestrais a evitar ameaças imediatas e perigos, podem ser desproporcionais ou disfuncionais nos contextos contemporâneos, onde esses tipos de ameaças são menos frequentes ou assumem formas mais abstratas.
Para além de emoções como medo e ansiedade, as nossas emoções complexas como vergonha e culpa também são adaptações para lidar com os desafios da vida social.
Como cientista, vejo claramente que adotar uma lente evolucionista é a chave para a unificação da psicologia. A Psicologia Evolucionista oferece um arcabouço teórico comum que pode integrar diversas abordagens.
Comments